No último dia 16 de outubro (Dia Mundial da Alimentação) a luta pela Soberania Alimentar fez 25 anos e uma série de 4 encontros foram realizados entre os dias 16 e 17 no território do Butantã, na cidade de São Paulo, para lembrar e reafirmar o compromisso dos movimentos sociais com esse princípio extremamente atual e urgente no Brasil. O sentido dos encontros foi de reconhecer e fortalecer as lutas que já estão acontecendo no território.
A primeira atividade organizada no fim de semana foi um chamado para doação de alimentos na Praça Elis Regina em parceria com a Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste. Em torno das doações se reuniram lideranças de movimentos sociais, comunidades locais, instituições e partidos políticos que atuam na região e uma delegação de agricultoras e agricultores do Vale do Ribeira. Cada organização compartilhou, para uma média de 80 pessoas que circularam por lá, as propostas e ações que estão sendo praticadas em torno do combate à fome e a pobreza que assola as periferias do Butantã.
Então fomos para o Espaço Ermaná para a segunda atividade do dia. Lá convidamos os participantes a assistir o ato internacional da Via Campesina com falas de movimentos campesinos organizados do mundo todo. Por questões técnicas não conseguimos terminar de ver o vídeo e abrimos uma roda de conversa sobre o tema. Suelen e Meiriane, mulheres integrantes da juventude da RAMA, nos contaram sobre algumas transformações que a experiência de comercialização com a Rede de Grupos de Consumo Responsável de SP (Rede de GCR) proporcionou no interior das suas famílias, revelando a soberania alimentar que existe no interior da sua comunidade.
Mesmo com a chuva, seguimos para a terceira atividade do dia no Viveiro II da subprefeitura do Butantã. Cerca de 30 pessoas foram recebidas no espaço pelo Movimento Cuidar do Viveiro II, pela Associação Nacional do Reggae e pela Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã, coletivos que cuidam do espaço desde 2016. Lá ouvimos a história do espaço e fizemos uma caminhada de identificação das atividades já realizadas, como horta e compostagem comunitária e plantio de árvores nativas. Também alimentamos a compostagem e realizamos o plantio de uma muda de Cereja do Rio Grande, ação que integrou-se ao Movimento Urbano de Agroecologia e a Campanha Gente é para Brilhar como uma das iniciativas de #Compostaço e #Cultivaço da Região Metropolitana de São Paulo.
No dia seguinte (17), realizamos o último encontro do fim de semana no espaço do CRESAN/Butantã – Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional, localizado no Jardim Jaqueline. Estiveram reunidas 28 pessoas, dentre elas moradoras do Jd Jaqueline e de outras comunidades da região que estão fazendo um trabalho de distribuição de alimentos nos seus bairros, para uma roda de conversa sobre o tema da solidariedade e o acesso ao alimento agroecológico nas periferias, neste contexto de profunda crise econômica, social, política e ambiental que estamos atravessando. Foram compartilhadas dificuldades, mas também aprendizados e perspectivas desta luta. Para o CRESAN, por exemplo, foi enfatizado que o espaço cumpra com sua função de superação da fome e promoção do direito à alimentação adequada, funcionando como um pólo aglutinador e permanente de produção e distribuição de marmitas, empregando pessoas do próprio território neste trabalho. Simultaneamente a roda de conversa, foi realizada uma ciranda com as crianças presentes, coordenada pela Bárbara Nascimento, com tinta de terra, reconhecimento de PANC e outras atividades de relação com a natureza.
As organizações presentes ressaltaram a importância de retomar atividades presenciais com todos os cuidados de segurança, conhecerem outras iniciativas atuantes na região e se inspirarem nas formas como os encontros aconteceram. Apontaram para continuidades como mutirões semanais no Viveiro II, rodas de conversa durante as coletas de alimentos na Praça Elis Regina e mais encontros em finais de semana no CRESAN.
Obrigada a todas, todos e todes que estiveram conosco nessa jornada, e a todas, todos e todes que constroem essa luta mas não puderam estar.
A série de encontros teve apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e da Frente de Solidariedade e Luta da Z/O.
Para mais detalhes de como foram os encontros, acesso a relatoria completa clicando aqui.