A violência contra a mulher está em todos os lugares onde convivem homens e mulheres: na rua, no trabalho, na casa, nas escolas. Chamamos essa violência de sexista, porque é praticada por um homem (marido, namorado, companheiro, padrasto, parentes ou homens desconhecidos), contra uma mulher, por ser mulher.
Nas ruas, sofremos com gracejos e piadas ofensivas, como se estivéssemos disponíveis e sem direito de estar no espaço público. No ônibus ou metrô sofremos com as passadas de mão, apertões e até estupros já tem sido registrado no transporte público em SP.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano de 2012, aconteceram 26,1 estupros a cada 100 mil habitantes, o que equivale a um total de 50.617 casos e a um aumento de 19% em relação a 2011. Já a taxa de homicídios foi de 24,3 por 100 mil, somando 47.136 crimes.
Os estados onde esse tipo de crime contra a liberdade sexual aumentou mais foram Rio de Janeiro (24%), São Paulo (23%) e Bahia (20,8%).
No trabalho estamos expostas a chantagens e assédio sexual, constrangimentos que são praticados pelo chefe ou supervisor. Esta situação causa o medo de perder o emprego, de não ser promovida e afeta a auto-estima da mulher.
Para muitas mulheres e meninas, a casa é o lugar da violência. São agredidas física e psicologicamente, sem contar os estupros e abuso sexual. É como se as mulheres fossem objetos dos homens.
Por que a violência acontece?
Nossa sociedade é capitalista, e explora muitos para o lucro de poucos. O sistema se sustenta pelas desigualdades entre homens e mulheres / brancos e negros, além de discriminar lésbicas e gays. Esta desigualdade se expressa na forma como vivemos e somos tratadas. Embora tenhamos avançado no mercado de trabalho ainda ganhamos menos quando trabalhamos fora, mesmo tendo mais estudo, e muitas realizam sozinhas o trabalho doméstico. As que cuidam da casa, dos filhos e dos parentes doentes são vistas como se não trabalhassem. Poucas mulheres ocupam espaços de decisão na sociedade e ser mãe e dona de casa é visto como uma obrigação e o espaço prioritário da mulher.
Violência como obstáculo e controle na vida das mulheres
As mulheres sabem que todas estão expostas à violência e que muitas vezes são responsabilizadas pelas agressões que sofrem. Quando uma mulher é estuprada, sempre tem alguém que pergunta, “com que roupa você estava? Que horas eram?”. Isto é uma forma de transferir a culpa para a mulher. As pesquisas indicam que as mulheres que sofrem estupros são de todas as idades, podem estar de calça, saia cumprida ou mesmo com o corpo todo tapado. Os homens estupram porque sentem prazer em exercer seu poder pela força e não porque querem ter um ato sexual.
Nada justifica a violência contra a mulher
Quando um homem agride uma mulher não é porque perdeu a cabeça, está bêbado, desempregado ou nervoso. Ele agride porque é uma forma de impor seu poder machista sobre a mulher. A falta de solidariedade na sociedade , a impunidade dos agressores e a falta de políticas publicas são fatores que contribuem para que os homens possam continuar a praticar a violência,reforçado pela falta de confiança nas leis e a lentidão da justiça.
Por que as mulheres não denunciam a violência?
Vários são os motivos: medo, vergonha, dependência econômica, descrédito com a justiça, falta de apoio aliado a uma ideia de que devemos suportar, que na vida das mulheres é assim mesmo. Muitas se sentem culpadas, porque a sociedade banaliza a violência e transforma a mulher vítima em culpada
Lei Maria da Penha
As mulheres e o povo brasileiro reconhecem a lei Maria da penha como uma lei útil para enfrentar a violência, mas a lei depende de investimento de recursos. A CPMI recomendou que o judiciário, o ministério publico e a defensoria publica todos ligados aos governos estaduais façam esforços para implementação da lei. O movimento feminista tem denunciado como estes órgãos, principalmente o judiciário, reproduzem o machismo e banalizam a violência contra a mulher.
O movimento feminista sai às ruas para denunciar a violência e propõe políticas para os governos. Sem esta luta, a situação estaria ainda pior.
Para as mulheres saírem da situação de violência precisam ser apoiadas para construir autonomia e resgatar seu amor próprio.
É preciso ter emprego para todas as mulheres, valorização do salário mínimo, políticas públicas que permitam à mulher trabalhar fora como: creche, escola infantil em horário integral, políticas públicas para o cuidado de doentes, pessoas idosas e com deficiência para que não sobrecarregue as mulheres, acesso a moradia ou aluguel social.
Exigir formação continuada para os e as profissionais do serviço público incluindo juízes, promotores e autoridades policiais para que em suas ações não reproduzam a violência. Ter nas escolas e universidades uma educação que combata o preconceito contra a mulher, o racismo e a homofobia para construir um mundo onde a diferença e a diversidade sejam respeitadas.
É preciso ter campanhas educativas e preventivas para enfrentar a violência contra a mulher
A Marcha Mundial das Mulheres identifica o capitalismo patriarcal e racista como um sistema de opressão e de exploração.
Marchamos para denunciar e exigir o fim da opressão que vivemos por ser mulheres e para afirmar que rejeitamos esse mundo que produz violência, injustiça, e mercantilização do nosso corpo e das nossas vidas.
Nos organizamos para construir outro mundo, de igualdade, solidariedade e liberdade!