Começou nesta segunda-feira, 26, o 9º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), no Memorial da América Latina, em São Paulo. O início das atividades foi marcado por um cortejo feminista para receber 1600 mulheres, vindas de 40 países. Em seguida, ocorreu a primeira conferência, realizada nesta manhã, que discutiu a trajetória do feminismo na América Latina e a resistência das mulheres ao neoliberalismo.
Sonia Alvarez, diretora do Centro de Estudos sobre América Latina e Caribe da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, iniciou a conferência falando sobre as diferentes fases do neoliberalismo na América Latina e seus impactos na vida das mulheres.
Para Sandra Morán, integrante do Comitê Internacional da MMM representando as Américas e segunda conferencista do dia, os países continuam sendo profundamente neoliberais e militarizados. Por isso, segundo Sandra, o feminismo afirmado pela Marcha tem “o horizonte de mudar o mundo”. “Não queremos mudar a vida só das mulheres, queremos mudar a vida da humanidade”, afirmou.
Nalu Faria, que atua desde de 2000 na construção da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil e integra a coordenação nacional do movimento, destacou que a história do feminismo no Brasil não está dissociada da solidariedade e luta contra o neoliberalismo na América Latina. Para ela, é preciso recolocar a todo momento que nenhuma luta prescindiu da luta das mulheres. “As mulheres estão em todas as lutas”, ressaltou.
Nalu Faria destacou a atuação da Marcha Mundial das Mulheres como parte de uma experiência interessante do feminismo e que se constitui como um espaço de múltiplas identidades: há mulheres do movimento negro, sindical, camponesas, do movimento estudantil e jovens. Segundo ela, muitas vezes usam o tema das identidades para provocar a divergência dentro do movimento feminista. “Devemos pensar as identidades não como aquilo como nos coloca uma contra as outras, mas como aquilo que nos potencializa”, afirmou.
Ainda hoje, 26, às 17h, ocorre a abertura pública do evento, com a com a participação da Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Brasil, Eleonora Menicucci, em mesa que contará com Denise Motta Dau, secretária de Políticas para Mulheres da Prefeitura de São Paulo, Miriam Nobre, coordenadora do Secretariado Internacional da MMM, além de uma representante da Assembleia de Movimentos Sociais. Em seguida, às 20 horas, tem início na Tenda da Solidariedade uma roda de conversa sobre as revoltas no mundo árabe e as repressões e assassinatos políticos. Participam do debate as ativistas Basma Khalfaoui e Souad Mahmoud, da Tunísia, e Khadija Rhamiri, do Marrocos.