A escritora e jornalista Bianca Santana concretiza nesta quarta-feira, 11, um projeto de grande relevância para a sua vida e a de outras mulheres: trata-se do lançamento de seu livro “Quando me descobri negra”, escrito por ela a partir de um processo coletivo e muito lindo de trocas de histórias.
Bianca retomou sua própria trajetória de descoberta da negritude, que se iniciou aos 20 anos, após muitas reflexões sobre sua identidade, suas origens e as implicações de sua existência no mundo. No Brasil, onde muito se fala sobre “democracia racial”, é difícil entender-se negra (e não morena!) e compreender o racismo velado pelo qual as pessoas negras passam em seus cotidianos, seja na esfera do trabalho, do corpo, do acesso cultural, entre tantas outras, e que precisa ser alterado urgentemente.
“Quando me descobri negra” fala sobre a história de Bianca, mas também sobre as de várias outras mulheres negras de todo o Brasil que, tomando conhecimento sobre seu projeto através das redes sociais, enviaram relatos pessoais, posteriormente transformados por Bianca para sua linguagem literária.
É muito pouca a visibilidade, o reconhecimento e o incentivo à literatura produzida pelas mulheres, e mais ainda às mulheres negras. Bianca, que desde a adolescência lia muito, conta que pouco se identificava aos universos e personagens trabalhados nos livros que lia, mas era nos livros escritos por mulheres que se sentia mais acolhida, apesar de serem escritoras menos reconhecidas como aquilo que identifica criticamente como “literatura com L maiúsculo”. Diante deste contexto, a literatura feminista escrita por mulheres negras possui um enorme potencial, porque dá voz a tantas e diversas trajetórias que são esquecidas diante do “personagem homem branco universal”.
O livro escrito por Bianca é um livro também de muitas e representa a força das mulheres quando se utilizam das redes virtuais para produzir novos materiais e ampliar suas vozes, suas perspectivas e suas lutas para o mundo.
O lançamento acontece no dia 11, às 10h, na Casa de Lua, em São Paulo.