No último dia do IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA), um ato público movimentou o centro de Belo Horizonte. Cerca de 10 mil pessoas se concentraram na Praça da Liberdade e caminharam até o Parque Municipal, onde foram recepcionadas por um banquete agroecológico. Com os motes da agroecologia e da democracia, as e os manifestantes reivindicaram a liberdade de Lula, denunciaram os retrocessos do governo golpista nas políticas para o campo e a cidade, e as ações criminosas de grandes empresas que destroem a natureza e a vida das pessoas.
Foi com este espírito de denúncia que, durante a concentração do ato, as mulheres de movimentos como MAM, MMM, MMC, MAB e MPA, fizeram uma intervenção em frente ao Memorial de Minas Gerais da Vale, museu de arte e cultura patrocinado pela mineradora Vale.
Com falas e uma performance artística, as mulheres denunciaram a ação criminosa da empresa contra o povo e a natureza de Minas Gerais e do país inteiro. “Estamos aqui contra a Vale, que destrói nossa soberania, nossa memória, nosso corpo e nossos territórios. Por isso, estamos aqui para expressar nossa indignação e estar junto com as companheiras e companheiros de Mariana!”, disse Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres e da SOF.
Raphaela Rodrigues, do Movimento de Atingidos por Barragens, contou sobre os impactos do rompimento da barragem de Fundão, em 2015, que destruiu o Rio Doce e muitas comunidades ao seu redor. “Nós vivemos o maior crime sócio-ambiental. Esse rompimento matou nosso rio, matou vidas, matou peixe matou gente. Matou a dignidade, tirou renda do povo”.
Segundo Raphaela, as políticas de reparação, propostas pelas empresas Vale, Samarco e BHP, são insuficientes, desmobilizadoras não respondem às necessidades reais das pessoas. Justamente por isso, a luta continua: “nós, o povo atingido, seguimos resistindo, até alcançarmos todos os direitos retirados pelas empresas criminosas. Não vamos nunca nos esquecer desse crime. Queremos justiça, que os responsáveis – Samarco, Vale, BHP – paguem por esse crime. Mulheres, água e minério não são mercadoria!”