Nos dias 11 e 12 de novembro, lideranças de movimentos do Brasil e do mundo se reuniram em Brasília para o seminário chamado Brics dos Povos, evento paralelo à Cúpula dos Brics, que reuniu representantes políticos do Brasil, Rússia, Índia e China. O seminário pautou a perspectiva dos movimentos sobre a conjuntura política regional, o combate ao imperialismo, a solidariedade internacional e a integração dos povos.
Nas mesas de debate, estiveram presentes pesquisadores/as, jornalistas, professores/as e lideranças de organizações de diversas partes do mundo. Nalu Faria (SOF e MMM), representante da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba Movimentos), compôs a mesa de encerramento, intitulada “Os desafios do internacionalismo, da solidariedade e da integração dos povos”, junto com Celso Amorim, ex-chanceler do Brasil; Aleksandr Mironov, do Partido dos Trabalhadores Comunistas da Rússia; Bhasha Singh, do Safai Karmashari Andolan, movimento que reúne dalits na Índia; e S’bu Zikode, do Abahlali baseMjondolo, da África do Sul.
Segundo Nalu, “esse momento é parte da nossa trajetória de construção de um movimento internacional. O internacionalismo é estratégico em nossa forma de pensar e organizar a luta. Nós temos na nossa experiência de luta processos que sempre nos inspiram e nos trazem aprendizados, além de terem sentido justamente para responder à hegemonia capitalista e à forma como atinge a todos e todas. Um capitalismo que é também racista, é colonialista, é patriarcal, quer impedir a diversidade das sexualidades. Lutar contra esse capitalismo é lutar globalmente contra todas essas dimensões”.
O encontro foi também momento de ação solidária: teve início um dia depois do golpe que impôs a saída do presidente Evo Morales do governo da Bolívia. O tema esteve presente durante todo o encontro, pois escancara a urgência de mobilizar e resistir aos ataques do imperialismo sobre os territórios. Na tarde no primeiro dia, as e os participantes se dirigiram à Embaixada da Bolívia para um ato de solidariedade.
O embaixador da Bolívia, José Kinn Franco, discursou durante o ato. Segundo ele, os opositores “renunciaram aos caminhos legais e institucionais para resolver os nossos problemas e as nossas diferenças e acharam que o caminho é a violência. Isso pode trazer muita dor”. “Eu espero que o povo da Bolívia se levante e dê um fim a essas práticas terroristas financiadas pelo governo dos Estados Unidos, com apoio dos outros fascistas que temos aqui na América Latina, como ficou explícito na saudação elogiosa que o Bolsonaro fez hoje aos golpistas”, disse João Pedro Stédile, do MST.
Ao final dos debates, uma carta com a síntese das discussões e propostas foi lida. O documento foi entregue a parlamentares brasileiros e deverá ser encaminhado às embaixadas dos outros países que compõem o Brics.