Nesta quarta-feira, 20, a rede de Pontos de Cultura da cidade de São Paulo, através das secretarias de Cultura, Serviços e Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura Municipal de São Paulo, promoveu o debate “A cultura digital e as redes sociotécnicas – movimentos e redes”. A atividade compunha a programação do encontro #ConectaSP, e contou com a participação de Carla Vitória, da SOF, enquanto Ponto de Cultura Feminista, além de representantes do coletivo Actantes, do Ponto de Cultura São Mateus em Movimento e da sociedade civil.
O debate foi importante para pensar o papel dos Pontos de Cultura e dos movimentos sociais e culturais nas redes virtuais. Carla ponderou que, apesar da presença do feminismo na internet ser necessária, os ambientes presenciais, as ruas e as outras ferramentas de comunicação, como o rádio, não devem ser deixados de lado, pois nem todo o feminismo está nas redes. O acesso à internet é mais fácil em áreas urbanas e em algumas regiões do país, mas grande parte das mulheres rurais tem dificuldade no acesso, seja por infraestrutura ou por falta de conhecimento sobre as técnicas e ferramentas, que são muito recentes. Por este motivo, a banda larga acessível, gratuita e independente das grandes corporações é uma pauta feminista.
As redes hoje se configuram tanto como uma das portas de entrada para conhecer o feminismo quanto como um importante canal de difusão e compartilhamento de informações. Por esse motivo, a SOF realizou este ano a Criptoficina para mulheres, com o coletivo Actantes, e tem uma programação de oito cursos de capacitação na comunicação, a serem realizados até 2016. O primeiro curso “Comunicação feminista e ativismo digital: mulheres transformando as redes” está acontecendo este mês, ministrado pela jornalista Bruna Provazi, e tem como objetivos familiarizar as mulheres com ferramentas de rede, ao mesmo tempo em que propõe o debate político sobre a presença das mulheres na internet, sobre a comunicação no Brasil hoje e as movimentações por uma mídia democrática e livre do machismo.
Carla colocou no debate a necessidade de acabar com a dicotomia entre redes e ruas, para assim construir um movimento feminista no qual as redes sirvam de suporte para as ruas, ao mesmo tempo em que as ruas transformem o conteúdo das redes – desta maneira, também a divisão entre o que é digital e o que é analógico é combatida. O ambiente da cultura digital, assim como outros meios tecnológicos, é predominantemente masculino. Por isso, é importante que as mulheres ocupem e transformem este espaço, mas também que os órgãos, entidades e movimentos de cultura, comunicação e tecnologia se atentem para esta realidade.