Nesta segunda-feira (27), as mulheres participantes do curso “O trabalho, a renda e a vida das mulheres em São Paulo”, organizado pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e ministrado pela SOF, assistiram à Aula Magna do Prefeito Fernando Haddad sobre economia solidária e políticas públicas para as mulheres, em razão do encerramento do curso.
Estavam presentes a secretária Denise Motta Dau, em nome da SMPM, o secretário de Direitos Humanos Eduardo Suplicy, o secretário de Trabalho, Desenvolvimento e Empreendedorismo Artur Henrique da Silva Santos e as representantes da SOF Nalu Faria e Sonia Coelho.
A aula foi aberta por Denise Motta Dau, que trouxe dados atuais sobre a representação das mulheres na economia solidária. As mulheres ocupam 56% dos cargos de liderança nos empreendimentos, e a situação para elas avança à medida em que saem da invisibilidade. Para Denise, “a informalidade restringe o acesso ao crédito, às políticas públicas e gera mais fragilidade, mesmo em um segmento onde se presume uma maior igualdade”. Lembrou também que este curso é a primeira etapa de um processo maior que aproximará cada vez mais a economia solidária como uma alternativa para as mulheres.
O secretário Artur Henrique parabenizou as mulheres do curso e reforçou a importância de unir as políticas públicas para mulheres à lógica da economia solidária, principalmente no contexto econômico atual do país. Também convidou todas as presentes para a inauguração do primeiro Centro Público de Direitos Humanos e Economia Solidária e da Incubadora Pública de Empreendimentos Econômicos Solidários do Município de São Paulo, que acontecerá no dia 6 de novembro, no Cambuci.
O prefeito Fernando Haddad iniciou sua aula com uma reflexão sobre a economia política, de onde se fundamenta a economia solidária. Remontou os sistemas de trabalho pelos quais o Brasil pós-colonização já passou, o escravismo e o assalariamento. Para ele, a liberdade proposta no trabalho assalariado é mais formal do que material, por se tratar de um modelo econômico desigual em que a economia separa o trabalhador e os meios de produção. A economia solidária, na dinâmica das cooperativas, provaram ser possível organizar o trabalho de outra maneira, permitindo ao trabalhador ser o próprio responsável pelos meios de produção. Haddad também afirmou ser a economia solidária uma ferramenta importante para as alternativas à crise e às armadilhas e assimetrias do assalariamento capitalista. Para ele, é preciso “nos unirmos para enfrentar o que está colocado e nos apoiarmos para atingir uma nova forma de organização”.
As mulheres são livros abertos: têm muito a dizer
As participantes do curso ficaram felizes com os resultados e veem agora ainda mais perspectivas. “Eu achei essencial, porque a gente quando fica só dentro de casa é um livro fechado. Participar deste curso fez com que eu me sentisse um livro aberto. Ajuda a gente a se situar para seguir no dia a dia”, disse Maria dos Santos, que participa das atividades nos Centros de Cidadania da Mulher.
“O curso foi importante para mim para interagir de perto com a realidade de uma grande maioria, ver como funciona a economia solidária. Isso abriu um leque de possibilidades, de ver outras pessoas. Tinha lá sindicalistas, mulheres bem mais velhas do que eu, avós… Com certeza o feminismo saiu mais fortalecido. Só o fato de ter esse curso, de ter mulheres que nunca ouviram falar em feminismo e ainda assim estavam lá, para mim é uma esperança de que estamos conseguindo espaço”, afirmou Camila Ferreira, que participou do curso no CCM Itaquera .
Mostra de Economia Feminista e Solidária
A próxima etapa após este curso é a feira de economia feminista e solidária, organizada pela SOF em convênio com a Prefeitura de São Paulo. A feira acontecerá nos dias 04 e 05 de dezembro na praça das Artes, Centro de São Paulo, e reunirá cooperativas de mulheres de todo o Estado de São Paulo, além de uma programação cheia de atividades culturais e de formação.