Neste mês de agosto, as mulheres foram responsáveis por grandes mobilizações nacionais: a Marcha das Mulheres Indígenas e a Marcha das Margaridas, que levaram mulheres do campo, das águas e das florestas para marchar em Brasília. Ambas as marchas mostraram a potência das mulheres e do feminismo na organização de respostas coletivas ao conservadorismo e às políticas econômicas atuais.
Mulheres indígenas em marcha
A Marcha das Mulheres Indígenas aconteceu entre os dias 10 e 14, configurando-se como uma relevante etapa de organização entre 2.500 mulheres de mais de 130 povos indígenas. No dia 12, as participantes ocuparam a sede da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), denunciando o desmonte da saúde pública.
Também foi importante para demarcar a oposição dos povos indígenas a este momento de grave destruição da natureza, que não atinge apenas as áreas de floresta, mas sim toda a população, para denunciar a violência dos latifundiários e a posição do governo Bolsonaro, que se recusa a continuar o processo de demarcação das terras indígenas. “Somos totalmente contrárias às narrativas, aos propósitos, e aos atos do atual governo, que vem deixando explícita sua intenção de extermínio dos povos indígenas, visando à invasão e exploração genocida dos nossos territórios pelo capital”, afirmam no documento final da marcha.
Mulheres rurais em marcha
A Marcha das Margaridas aconteceu nos dias 13 e 14. Milhares de mulheres de todos os estados do país se reuniram, no primeiro dia, para debates e plenárias temáticas, compartilhando suas experiências e reflexões sobre os eixos do combate à violência, da sexualidade, da agroecologia, da defesa da previdência, entre outros. Nesse mesmo dia, a Marcha Mundial das Mulheres fez uma grande plenária nacional, que organizou a atuação na manifestação do dia seguinte e trouxe contribuições para enfrentar os desafios da conjuntura.
A história da Marcha Mundial das Mulheres se entrecruza com a história da Marcha das Margaridas, que nasceu em 2000 como uma adesão ao movimento e sua campanha “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”. A Marcha das Margaridas é um momento importante de luta feminista, que alavanca as reivindicações das mulheres a nível nacional, porque, como disse Sonia Coelho, da SOF e da MMM, “o feminismo é uma grande ferramenta de luta da classe trabalhadora”.
No segundo dia, bem cedo, cem mil margaridas foram às ruas de Brasília por terra, igualdade e democracia. A Marcha saiu logo cedo do Parque da Cidade e foi até a Esplanada. Diferente das edições anteriores, quando a marcha apresentava uma pauta de negociações que foi capaz de impulsionar conquistas de direitos e políticas públicas, essa foi uma marcha de denúncia e de resistência. E todo o processo de construção, formação e articulação teve como resultado uma mobilização forte e posicionada na conjuntura brasileira.