*Por Sonia Coelho
Nós, militantes do movimento de mulheres, precisamos apoiar a greve dos petroleiros, que segue após a greve dos caminhoneiros. Estas greves trazem para a cena política a crise dos preços dos combustíveis, expõem a política e gestão da Petrobrás, que, com o golpista Temer e seu aliado do PSDB, Pedro Parente, prioriza a acumulação dos acionistas em detrimento dos interesses do povo. Além disso, a variação de preços a partir do mercado internacional e a escolha por deixar de refinar (exportando petróleo cru e importando refinado) são elementos gritantes do avanço do neoliberalismo sobre a economia brasileira.
Da greve dos caminhoneiros, apoiamos a justa reivindicação da redução do preço dos combustíveis e demais reivindicações sobre pedágio e condição de trabalho. Mas não concordamos com a redução de impostos como PIS e COFINS, pois estes impostos recaem na conta do empresário e são fundamentais para a seguridade social, saúde, previdência e assistência. Retirar estes impostos é um precedente grave, pois já temos uma situação de desmonte dos serviços públicos (com a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos por 20 anos). Retirar mais impostos será o caos para os serviços públicos. Se hoje os impostos no Brasil são injustos, é porque recaem mais sobre as pessoas pobres. Os ricos pagam muito menos impostos, e precisamos inverter este quadro. Quem tem mais, paga mais!
Não podemos nos esquecer que, em 2017, o Congresso Brasileiro votou a Medida Provisória do governo golpista (MP 795/2017) que deu benefícios fiscais a empresas petrolíferas estrangeiras por 25 anos. Isto significa que o Brasil vai perder 1 trilhão de reais em 25 anos. São os golpistas entregando a riqueza do povo brasileiro para os estrangeiros, principalmente americanos. Querem acabar com a nossa soberania! O fantoche Temer, com uma mão, dá para empresas transnacionais estrangeiras e, com a outra, coloca a conta no bolso da população com a alta dos preços.
A greve dos petroleiros se inicia no dia 30 de maio. Com duração de 72h, reivindica a redução do combustível e do gás de cozinha, a mudança imediata da política de preços dos combustíveis, em defesa da Petrobrás estatal, contra a privatização. Fora Pedro Parente e todos os seus comparsas tucanos e golpistas!
Neste momento, muito tem se falado sobre o problema do aumento do gás de cozinha. Segundo o IBGE, cerca de 12,3 milhões de domicílios passaram a usar lenha e carvão para cozinhar. Além de os preços altos pesarem mais entre os mais pobres, que são as mulheres e a população negra, são também as mulheres, ainda, as responsáveis pelo trabalho doméstico, ainda que invisibilizadas. Cozinhar à lenha é mais trabalhoso, exige o tempo e o esforço de buscar a lenha, em geral longe. As mulheres mais pobres já são mais sobrecarregadas de trabalho, e agora ainda tem mais este sobre-trabalho.
A greve dos petroleiros traz uma reivindicação de mudança imediata da gestão da Petrobrás e da sua política de preços dos combustíveis, que é a base desta alta de preços. Se não mudar esta política nada muda, continuaremos nas mãos do mercado internacional, pagando de acordo com a vontade de lucro dos mais ricos. Isso porque o governo golpista brasileiro adotou uma política internacional americana de reajustes diários dos preços, seguindo o preço do dólar americano. Essa oscilação frequente e a alta dos preços serve apenas ao interesse dos mercados e acionistas internacionais.
Antes do golpe, a Petrobrás tinha sua política própria de preço para não onerar o povo, o que é correto: uma estatal como a Petrobrás deve servir à população do país. Mas, para seguir o projeto neoliberal do governo golpista e do PSDB, é preciso privatizar tudo. A Petrobrás é o alvo principal. O (des)governo está hoje em um processo de sucatear as refinarias brasileiras, contrariando os governos anteriores, que priorizaram a autossuficiência do Brasil. Neste período anterior, a Petrobrás refinava praticamente todo o petróleo no país, o que barateava o preço. Hoje, as refinarias produzem 30% a menos, criando a necessidade de importar a gasolina, que vem principalmente dos americanos. A privatização das refinarias, então, representaria uma enorme piora, tanto por reduzir do povo o acesso ao combustível, como por entregar nossa riqueza.
O governo Golpista já acabou com vários direitos, está privatizando tudo no Brasil como uma liquidação de fim de estação. O resultado disto é: mais desemprego! Hoje, segundo o IBGE, o número de desempregados está em 12,9%. As mulheres a população negra e jovem representa a maioria das e dos desempregados.
As mulheres e a classe trabalhadora em geral precisam levantar a voz e tomar para si esta luta. Assim, poderemos dar um basta no golpe e em todos os retrocessos impostos pelo governo golpista de Temer e do PSDB. Não permitiremos que candidatos e propostas fascistas prosperem neste momento, ganhando visibilidade em cima de manifestações de ódio e conservadorismo. Não aceitamos a prisão de Lula, o assassinato de Marielle e todas as tentativas de calar e criminalizar líderes do povo. O que precisamos é de uma democracia radical, que coloque os interesses do povo acima dos interesses dos empresários!
Todo apoio a greve dos Petroleiros!
A Marcha Mundial das Mulheres se coloca na luta:
Pela redução do preço dos combustíveis e gás de cozinha!
Pela mudança da política de preço da Petrobrás!
Contra a privatização da Petrobrás, Eletrobrás e de qualquer empresa brasileira!
Revogação de todas as leis que fazem retroceder direitos!
Eleições livres e diretas, pelo direito de Lula ser candidato, fora Temer!
*Sonia Coelho compõe a equipe técnica da SOF e é militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Excelente texto!
Além da forte análise política da situação brasileira em relação às privatizações e aumento do gás e gasolina, coloca o papel da mulher neste contexto e chama pra luta .
Texto esclarecedor também, traz dados importantes .
Parabéns.