Este mês, a cineasta carioca Lúcia Murat lança seu mais novo filme, Em três atos. A obra, que transita entre a ficção e a não-ficção, retrata o tema da velhice das mulheres a partir de textos de Simone de Beauvoir, grande referência do feminismo.
Em entrevista no dia do lançamento, Lúcia retomou a trajetória das mulheres no cinema e na luta política, da qual ela fez parte ativamente desde o movimento estudantil. Para ela, a luta feminista estava muito conectada à luta contra a ditadura militar (1964-1985), que coincidiu, no Brasil, à época que rompia com o moralismo sobre os corpos e sexualidades.
Lúcia foi presa e torturada pelos militares que comandavam o país, mas acompanhou o crescimento do feminismo nas ruas, nas organizações de mulheres e na luta pela legalização do aborto, tanto no Brasil quanto em outros países. Estas movimentações e reflexões coletivas culminaram na entrada das mulheres em diversas áreas da cultura, como o cinema – segundo Lúcia, eram muito poucas as mulheres no cinema antes dos anos 80 e 90.
O novo filme, para a diretora, foi praticamente inevitável, pelo passar dos anos da própria vida, pelo gosto pessoal pela dança e pela própria formação, muito inspirada na obra de Simone de Beauvoir. “O Segundo Sexo é meu livro de cabeceira”, diz ela.
A entrevista está disponível no vídeo abaixo: