Marcha Mundial das Mulheres
Como parte do movimento de mulheres, a SOF busca consolidar a Marcha Mundial das Mulheres como um movimento internacional que está inserido nas dinâmicas locais, com uma pauta nacional, e em diálogo com campanhas e movimentos com orientações próximas.
A SOF tomou contato com as organizadoras iniciais da Marcha Mundial no Quebec a partir da relação que elas tinham com sindicalistas brasileiras em 1998 e em outubro do mesmo ano participamos do primeiro encontro internacional organizado pela MMM, que definiu a realização de uma campanha que se encerraria com as ações internacionais de outubro de 2000.
Desde então, a SOF combina sua atuação voltada para a formação com um forte protagonismo de organização e articulação da Marcha Mundial das Mulheres, sediando até 2013 a Secretaria Internacional da MMM, e com a tarefa de ser a secretaria executiva da MMM no Brasil.
Desde seu lançamento em 2000, a Marcha Mundial cresceu muito no Brasil. Há uma grande presença de mulheres jovens que descobrem o feminismo a partir de nossas ações e se dispõem a construí-las conosco. Enquanto membro da executiva da MMM, a SOF estimulou e facilitou a organização de várias atividades de formação, debate, cultura e intercâmbio entre os grupos participantes da MMM no Brasil, bem como atividades no marco das ações internacionais da MMM.
A Marcha Mundial das Mulheres nasceu no ano 2000 como uma grande mobilização que reuniu mulheres do mundo todo em uma campanha contra a pobreza e a violência. As ações começaram em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e terminaram em 17 de outubro, organizadas a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”.
A inspiração para a criação da Marcha Mundial das Mulheres partiu de uma manifestação realizada em 1995, em Quebec, no Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. A ação marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente ao sistema capitalista como um todo. Ao seu final, diversas conquistas foram alcançadas, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.
Essa primeira ação contou com a participação de mais de 5000 grupos de 159 países e territórios. Seu encerramento mobilizou milhares de mulheres em todo o mundo. Nesta ocasião, foi entregue à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, um documento com dezessete pontos de reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas. Essa ação foi caracterizada como um primeiro chamado de largo alcance, um passo no sentido da consolidação da MMM como movimento internacional.
A segunda ação da MMM teve como ponto de partida o 8 de março em São Paulo. O ato reuniu 30 mil mulheres de 16 estados brasileiros e representações de movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento de Mulheres Camponesas, Movimento de Trabalhadores Desempregados, União dos Movimentos de Moradia, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, dentre outros, além de delegadas do Québec (que na época sediava o Secretariado Internacional) e de Burkina Faso, país de encerramento dessa ação retomando um caráter de rua ao movimento feminista brasileiro.
Para a mobilização, foi construída internacionalmente uma carta que expressou as demandas das mulheres no mundo. A carta teve como eixo cinco os valores sendo eles: Liberdade, Autonomia, Igualdade, Paz e Solidariedade. Acompanhou a carta na ação de relevo uma colcha com retalhos que foi sendo construída durante a passagem da carta pelos países unindo mulheres de países e territórios em conflito e despertando o interesse de muitas jovens para participar do movimento feminista. A colcha ficou conhecida como “ A Colcha da Solidariedade”.
Em 2010, a 3ª Ação Internacional da MMM no Brasil foi marcada por uma marcha entre Campinas e São Paulo nos dias 8 ao 18 de março. Mais de 3 mil mulheres de todo o país marcharam 120 km . A cada dia, as mulheres percorriam cerca de 12 km, saindo em marcha por volta das 6h da manhã e chegando ao ponto seguinte por volta do meio-dia. Na parte da tarde, eram realizados debates e oficinas de formação sobre a plataforma política da MMM. A equipe da SOF se integrou em todas as equipes de trabalho da marcha: formação, alojamento, transporte de bagagem, alimentação, segurança, cultura, além da coordenação geral.
A SOF, através do Secretariado Internacional da MMM, também integrou a coordenação da ação regional das Américas, realizada na Colômbia, entre 16 e 23 de agosto de 2010, e coordenou o encerramento internacional em Bukavu, República Democrática do Congo entre 13 e 17 de outubro de 2010.
Os Encontros Internacionais da MMM são momentos de construção coletiva de análise e proposta que partem da experiência e do momento do movimento feminista onde o mesmo se realiza. A realização do Encontro contribuiu para uma sistematização dos 15 anos de construção da MMM no Brasil, inserida em um contexto de mudanças e permanências na sociedade brasileira.
As contribuições da MMM para o enfrentamento das desigualdades de gênero, raça e classe no contexto atual foram debatidas com convidadas externas de modo a refletir sobre a atualidade do feminismo e seus desafios. O 9º Encontro promoveu uma Mostra da economia solidária e feminista que aconteceu durante todos os dias do evento, além de atividades de culturais que permearam todo o encontro com uma programação diversificada abrangendo música, intervenções urbanas, exposição de filmes.
Simultaneamente ao encontro e como parte da programação, a SOF realizou a “Feminismo em marcha”. A exposição aconteceu na Galeria Olido entre os dias 25 de agosto e 30 de setembro de 2013. Com projeções, fotografias e materiais históricos, a exposição apresentou a trajetória, ações e principais temáticas abordadas pela Marcha Mundial das Mulheres, movimento feminista internacional presente em 62 países. Permaneceu na Galeria Olido também a Colcha da Solidariedade que pela 1ª vez foi exposta ao público em geral no Brasil.