De 2 a 9 de julho de 2006, a Marcha Mundial das Mulheres se reunirá em Lima, Peru. Além do planejamento estratégico e as ações futuras, o sexto encontro internacional deverá decidir sobre a mudança do Secretariado Internacional (SI) da Marcha para um país do Sul (são duas candidaturas: Brasil e Mali).
Trata-se de um momento decisivo para a Marcha Mundial, já que seu Secretariado Internacional desde o princípio (1998) esteve nas mãos de uma equipe de mulheres de Montreal (Québec). Esta cidade foi escolhida inicialmente por razões históricas, por ter sido a Marcha um projeto lançado pela Federação de Mulheres do Québec. Entretanto, sua evolução, sua difusão pelo mundo (164 países e territórios, mais de 5000 grupos integrantes), sua preocupação com o respeito à diversidade de sensibilidades, visões e ações, nos conduzem a este processo.
Uma nova etapa como esta é o momento ideal para fazer um balanço. No Peru, pediremos às mulheres que nos digam em que a Marcha as ajudou. Será feita também uma reflexão sobre a utilização da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, documento redigido coletivamente em 2004 no qual é apresentado o mundo que as mulheres da Marcha querem construir, um mundo baseado nos valores de igualdade, liberdade, solidariedade, justiça e paz. Em 2005, as mulheres fizeram a Carta viajar de país em país, realizando um relevo de mais ou menos 50 etapas pelo mundo, concretizando ações de sensibilização e capacitação por meio do conteúdo e criando quadrados de tecido para a confecção de uma Colcha da Solidariedade que representa as diferentes visões das mulheres do mundo sobre a Carta. Nesta Colcha, de aproximadamente 4×4 metros, cada pedaço representa os valores culturais de cada país, difundindo um sentido próprio dos valores da Marcha.
Os intercâmbios sobre as ações futuras definirão como podemos apresentar a Marcha como um movimento irreversível. Mesmo que tenha ações importantes a cada cinco anos, nos intervalos, a Marcha continua. Somos parte dos Fóruns Sociais Mundiais e regionais desde sua criação, e organizamos com a Via Campesina o Fórum Internacional sobre Soberania Alimentar que ocorrerá em Bamako (Mali) em 2007. As coordenações realizam ações sobre os temas específicos (contra os tratados de livre comércio com Estados Unidos em Peru, Colômbia e Equador; contra a prostitução institucionalizada durante o Mundial de Futebol na Alemanha; pelo direito ao aborto em Portugal; contra a impunidade frente às ações dos militares estadunidenses nas Filipinas, quando os Estados Unidos mantinham lá uma base militar, etc).
Em Lima, teremos oficinas sobre a paz e a desmilitarização, e sobre as violências e o tráfico sexual, mais particularmente o uso do corpo da mulher como instrumento de controle do patriarcado; sobre o acesso aos recursos naturais e a soberania alimentar; e o trabalho das mulheres.