Por Coletivo de Comunicadoras MMM
Militantes da Marcha Mundial das Mulheres de todo o Brasil se preparam para participar da 7ª edição da Marcha das Margaridas, que acontecerá em Brasília nos dias 15 e 16 de agosto de 2023, reafirmando: “Margaridas em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
Reuniões, encontros de formação, lançamentos, ações de arrecadação de recursos e outras atividades já aconteceram em diversos municípios e estados como Alagoas, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, além do Distrito Federal.
Nesta quarta-feira, 21 de junho, a MMM também esteve presente na apresentação da pauta de reivindicações da Marcha das Margaridas ao governo federal. Sônia Coelho, da executiva da MMM, comenta a entrega do documento: “Passados esses anos duros de golpe e retirada de direitos, as Margaridas apresentam sua pauta para contribuir com a reconstrução do Brasil, que considere as desigualdades que vivem as mulheres do campo, das florestas e das águas na perspectiva feminista de construção da igualdade”.
Além das formações que acontecem nos municípios e estados, uma formação nacional online da MMM está programada para o sábado, 1 de julho, das 9h às 12h.
Saiba mais
A Marcha das Margaridas é uma ação estratégica conduzida e protagonizada por mulheres trabalhadoras rurais do campo, das florestas e das águas com a finalidade de construir visibilidade pública e conquistar reconhecimento social e político. Ela é coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), suas 27 federações e sindicatos filiados, e se constrói em parceria com outros coletivos e movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.
A Marcha das Margaridas envolve processos formativos e de debates, ações políticas e de mobilização, de denúncia e reivindicação, enraizadas em cada território e comunidade até chegar às ruas de Brasília, no Distrito Federal, capital do país.
Por que Margaridas?
A Marcha das Margaridas é inspirada na vida e luta de Margarida Maria Alves, sindicalista paraibana da cidade de Alagoa Grande, assassinada em 12 de agosto de 1983, por um matador de aluguel a mando de fazendeiros da região. Margarida foi a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade nos anos 1970.
Ao longo de 12 anos à frente da organização, moveu mais de 600 ações trabalhistas em defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e contra latifundiários da região. À época, as principais pautas reivindicadas pelo sindicato eram: registro em carteira de trabalho, jornada diária de trabalho de oito horas, direito ao 13º salário e às férias.
Segundo o Ministério Público, o assassinato de Margarida Maria Alves envolveu fazendeiros, usineiros, pistoleiros e um policial militar, mas ninguém foi condenado.
Persistente e destemida, Margarida afirmou: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Margarida segue viva e inspirando centenas de milhares de pessoas na luta pela conquista e defesa de seus direitos.
No portal de comunicação feminista e popular Capire, você encontra uma matéria especial sobre a vida e luta de Margarida Alves:
Relação da Marcha das Margaridas com a MMM
A primeira edição da Marcha das Margaridas aconteceu no ano de 2000 e foi o momento nacional mais importante da primeira ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que saíram às ruas por “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência contra as mulheres”. As edições seguintes da Marcha das Margaridas aconteceram nos anos de 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019 e obtiveram avanços para as mulheres rurais como titulação conjunta de terras, programa de documentação, acesso ao crédito, à educação no campo e à aposentadoria aos 55 anos, entre outras vitórias. Muitas delas se perderam com o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff e a chegada de Jair Bolsonaro ao poder.
Com a derrota de Bolsonaro e a eleição de Lula presidente, a 7ª Marcha das Margaridas acontecerá nos dias 15 e 16 de agosto de 2023, em Brasília, no Distrito Federal, sob o slogan: “Margaridas em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
Nesta sétima edição, em 2023, a programação inclui oficinas, seminários e plenárias no dia 15 de agosto e uma grande marcha na manhã do dia 16 de agosto.
Eixos de 2023
Em todas as edições as Margaridas pautam seus eixos temáticos que orientam os processos formativos e debates políticos importantes para a vidas das Margaridas e de todo Brasil. Neste ano os eixos são:
– Democracia participativa e soberania popular
– Poder e participação política das mulheres
– Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo
– Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade
– Proteção da natureza com justiça ambiental e climática
– Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética
– Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios
– Direito de acesso e uso social da biodiversidade e defesa dos bens comuns
– Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional
– Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda
– Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária
– Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo
– Universalização do acesso à internet e inclusão digital
Baixe aqui os cadernos de formação.