Entre 6 e 9 de julho de 2024 foi realizado o Seminário “Estratégias da economia feminista para o enfrentamento à divisão sexual do trabalho e combate à fome”* em Natal, Rio Grande do Norte.

Com a presença de 50 mulheres de 11 estados do Brasil e Distrito Federal (RS, MS, AP, SP, RJ, SC, RN, TO, MA, MG, PB) a atividade aconteceu de forma integrada ao 6º Encontro nacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).

O objetivo foi criar um espaço de debate a partir das práticas dos movimentos, e organização das mulheres do Brasil e contribuir para a construção de agendas e processos de mobilização, como o Fórum Nyeleni de soberania alimentar. Junto ao seminário também foi realizado um intercâmbio na comunidade pesqueira de Ponta Negra.

O Seminário debateu experiências da MMM e de organizações aliadas na luta pela terra e território, agroecologia, agricultura urbana e cozinhas coletivas e a relação com economia solidária; a resistência à violência e militarização nos territórios, a criminalização das lutas, e as formas de apropriação do capital como ocorre com as energias renováveis.

Dentre as necessidades apontadas, foi reafirmada a defesa da reforma agrária popular e de alternativas como a agroecologia e as tecnologias construídas a partir dos conhecimentos das mulheres, como o reuso de águas cinzas e a captação de água de chuva, que transformam a realidade no semiárido.

Pelo fim da lógica de alimentos que nos adoecem e pelo fortalecimento de uma agricultura que nos fortaleça

As hortas e cozinhas comunitárias também foram destacadas como alternativas econômicas e de organização das mulheres, como por exemplo a experiência no Rio Grande do Sul, que durante a pandemia e as enchentes constituiu espaços de solidariedade, acolhimento, ocupação dos territórios.

A auto-organização das mulheres e a economia feminista qualificam a economia solidária e contribuem para superar a visão distorcida da economia solidária como algo pequeno. A agroecologia não é só produção sem veneno, requer a transformação do racismo e da LGBTfobia.

Mulheres guardiãs dos bens comuns – sementes, terra, água

Neste sentido, é preciso lutar pela implementação do Programa Nacional de Redução do uso de Agrotóxicos (Pronara) e por sua integração ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), bem como fortalecer a articulação campo cidade. As mulheres são guardiãs da vida e garantem a soberania alimentar. Em defesa das culturas alimentares, celebramos a alimentação do Encontro Nacional da MMM: Viva o cuscuz e a batata doce!”

Visita a comunidade pesqueira de Ponta Negra

Além disso, o seminário contou com uma visita à Vila de Ponta Negra, no sul de Natal para conhecer a atuação da MMM que envolveu a doação de alimentos da cultura local durante a pandemia, o acolhimento a mulheres vítimas de violência, debates feministas e a continuidade de lutas históricas de mulheres da comunidade, como a luta por creche e de fortalecimento das rendeiras de bilro.

Também foi debatida a preparação do 3º Nyèleni Fórum global de Soberania alimentar resgatando os acúmulos do processo Nyèleni que se iniciou em 2007 e suas potencialidade para fortalecer a articulação das pautas feministas e por soberania alimentar entre diferentes coordenações nacionais da MMM e entre movimentos aliados, no Brasil, na região América Latina e Caribe e no mundo.

Clique aqui para acessar o relatório completo da atividade.

Confira alguns registros:

*O Seminário faz parte das atividades que compõe o projeto contemplado pelo Fomento n°954083/2023 do Ministério das Mulheres.