Uma delegação de mulheres quilombolas e uma agricultora da Barra do Turvo, no Vale do Ribeira, acompanhada por uma técnica da SOF – Sempreviva Organização Feminista, esteve presente em Ubatuba nesta semana, nos dias 23 e 24 de outubro, visitando o quilombo do Camburi e a aldeia indígena guarani Boa Vista, no Prumirim.
O objetivo da visita foi conhecer a experiência de implementação do projeto Coolab, de redes comunitárias autogeridas, que permite a intercomunicação nesses locais, situados em regiões bastante afastadas do centro, não cobertas pelo serviço comercial de internet.
A atividade se insere na programação do evento “Ubatux – Tecnologia aberta e culturas livres”, que teve início no dia 21 e vai até o dia 27 de outubro. A iniciativa de instalar redes comunitárias é resultado de uma parceria das organizações Coolab e Actantes, com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo. O trabalho envolveu a instalação de redes em comunidades até então sem conexão e formações sobre tecnologias livres, direito à comunicação e direitos humanos. Já o intercâmbio entre o Vale do Ribeira e Ubatuba foi organizado pelo coletivo Actantes, que contribui com o programa de capacitação “Construindo capacidades e compartilhando experiências para uma economia inclusiva”, da SOF, com apoio do Fundo Newton do Conselho Britânico.
Apesar da chuva que as recebeu na segunda-feira, Lauriti, do quilombo do Cedro; Suelem, do quilombo Terra Seca; a agricultora familiar Zenaide, da comunidade de Indaiatuba, e Glaucia, da SOF, ficaram muito curiosas em entender como é possível superar a barreira da comunicação em locais onde não há nem telefone.
“Queremos implementar algo assim no Vale do Ribeira porque vai ajudar a escoar nossa produção”, conta Zenaide. “Hoje, para podermos enviar para São Paulo a lista dos produtos agroecológicos que cultivamos temos que andar 30 km até chegar em Barra do Turvo”, acrescentaram Suelem e Lauriti. “Ter acesso à comunicação representa mais renda e mais oportunidades de estudo para a juventude”, complementa Glaucia.