Hoje, 11 de julho, nós mulheres estamos nas ruas junto com diversas organizações, movimentos sociais e sindicatos. Mais uma vez, levamos nossas bandeiras e faixas com reivindicações feministas, nos somando a tantos outros atores e atrizes que lutam por um Brasil mais justo e igualitário para mulheres e homens.
É num contexto de intensas manifestações e debate político na sociedade que os movimentos sociais apresentam suas opiniões e pautas de reivindicação como parte de um momento de ampla participação. É verdade que uma pauta com onze pontos e seis denúncias é bastante ampla, entretanto, sabemos que essa plataforma unificada é fruto das mobilizações anteriores e da construção de consensos.
O momento que estamos vivendo expressa insatisfações e conflitos presentes na sociedade e que vieram à tona com o tema da tarifa. Tudo isso emerge e vai para as ruas, aparece nos cartazes, se reflete nas palavras de ordem e no perfil dos manifestantes. A expectativa por mais e melhores serviços públicos, o questionamento do sistema político, o Fora Feliciano e a denúncia do Estatuto do Nascituro, além, é claro, da redução da tarifa e do passe livre, são alguns dos temas que já estavam nas ruas. Em seu sentido global, esses temas são positivos e representam uma importante energia de mudanças reais.
Apesar disso, vemos a grande mídia atuando para manipular os protestos, o Congresso Nacional seguindo em sua ofensiva conservadora e impedindo qualquer consulta à população, além da ação violenta da polícia por todo país, em defesa da propriedade privada e dos grandes empresários. Frente a isso, reafirmamos que não é possível transformar o país sem alterar as relações de poder que dirigem nossa sociedade.
Nesse sentido, a reivindicação por uma Reforma Política que abra um processo de transformação das estruturas desse Estado patrimonialista, autoritário e patriarcal está na ordem do dia. Esse sistema político criminaliza os movimentos sociais e impede a população de opinar, permite que representantes eleitos visitem as comunidades somente de quatro em quatro anos e entrega os serviços públicos a uma constante negociação entre o poder público e os interesses do capital privados. É necessário alterar as condições políticas concretas para podermos mudar o país.
Podemos ir às ruas em inúmeros protestos pelo Fora Feliciano, aprofundando nossa crítica a tudo que este deputado representa de retrocesso para a política brasileira. Entretanto, isso será insuficiente, se não debatermos como um cidadão que expressa suas opiniões chega a ser presidente da Comissão de Direitos Humanos. Assim também com o projeto do Estatuto do nascituro e com a bolsa estupro, que atentam contra a vida e a autonomia das mulheres. Ao denunciar este projeto, vemos como nós dos movimentos de mulheres precisamos de mais possibilidades de intervenção real para barrar os projeto de lei que nos oprimem.
Está aberto um importante processo político em nosso país. Queremos ver isso se transformar em mudanças reais para nossas vidas, radicalizando a democracia e questionando o atual sistema político. Para nós, uma reforma política não é sinônimo de reforma dos critérios eleitorais, mas representa a possibilidade real de transformar o Estado brasileiro. O povo tem que poder falar, como fizemos nesse últimos mês nas ruas. Portanto, queremos espaços com poder de decisão real. Precisamos desencastelar o poder e destronar o conservadorismo que passeia impune pelos palácios.
Hoje, durante todo o dia, estarão nas ruas de todo o Brasil mulheres e homens que querem transformações reais, e que querem ter poder para falar neste país de milhões tão diferentes entre si. Neste Dia Nacional de Luta, nós da Marcha Mundial das Mulheres reforçamos, mais um vez, que é preciso mudar o mundo para mudar a vida das mulheres, e mudar a vida das mulheres para mudar o mundo.
Marcha Mundial das Mulheres