Por todo o Brasil, as mulheres estão se preparando para a Marcha das Margaridas, que acontecerá em Brasília no mês de agosto. É uma mobilização muito grande que, desde o ano 2000, reúne dezenas de milhares de mulheres do campo, das águas e da floresta. A marcha homenageia Margarida Maria Alves, uma grande lutadora sindicalista e defensora dos direitos das e dos trabalhadores do campo que foi assassinada pelo latifúndio. Diante da conjuntura bruta e de tantos ataques do governo Bolsonaro à população, esta sexta edição da Marcha das Margaridas será um momento importante da luta das mulheres por um mundo de igualdade, liberdade e democracia.
Os movimentos, centrais e demais organizações estão em mobilização permanente rumo à Marcha das Margaridas, fazendo lançamentos nas cidades, debates, conversas e arrecadando fundos para a ida. Nesta semana, no estado de São Paulo, foram dois lançamentos: um na capital e outro na cidade de Registro, no Vale do Ribeira.
São Paulo
Em São Paulo, o lançamento aconteceu no dia 22, no Plenarinho da Câmara Municipal, no centro da cidade. Estavam presentes mulheres de diversas organizações, tanto no plenário quanto na mesa de debate, e também mulheres parlamentares que são parceiras na luta.
Sonia Coelho, da SOF e da Marcha Mundial das Mulheres, colocou a importância histórica da Marcha das Margaridas na construção do feminismo anticapitalista. “A Marcha é um processo de auto-organização das mulheres e fortaleceu o feminismo nesses anos todos. Não dá para pensar em construir um projeto popular feminista e antirracista nesse país se não estiver junto com as mulheres do campo, quilombolas e indígenas. Isso é um elemento que mostra o quanto a Marcha fortaleceu esse processo do feminismo como uma ferramenta fundamental na luta de classes”, disse.
Ao olhar para o momento atual do país, percebe-se que as desigualdades se aprofundam e aumentam os desafios dos movimentos. Sonia lamentou que, nessa edição, temas como a fome e a pobreza estejam voltando à pauta das mulheres com mais força, e colocou o feminismo como um caminho para a resistência.
Registro
Em Registro, o lançamento aconteceu no dia 23, na sede do IDESC, com participação de mulheres de vários municípios do Vale do Ribeira: Barra do Turvo, Iguape (Jureia), Ilha Comprida, Pariquera, Eldorado, além de Registro. Sonia Coelho apresentou a Marcha das Margaridas, fazendo uma retomada das ações anteriores. Também estavam presentes representantes da CONAQ, CUT e MAB.
As mulheres do Vale do Ribeira participaram da Marcha das Margaridas em 2011 e 2015. Para Rosana, da MMM de Registro, “a Marcha das Margaridas sempre traz momentos importantes de articulação entre mulheres rurais e urbanas, pescadoras, agricultoras, extrativistas. Desde a preparação até a participação em Brasília, todo o processo nos ajuda a fortalecer a organização das mulheres e enriquece o entendimento sobre as diferentes realidades das mulheres”.
Depois, a economista Marilane Teixeira deu uma formação sobre a reforma da previdência proposta pelo governo Bolsonaro, mostrando o quanto é injusta e também os argumentos irreais que o governo está usando para convencer a população a aceitar. O debate aberto que se seguiu foi aprofundado, tocando em pontos como a aposentadoria rural, a lógica individualista do sistema de capitalização e os direitos de trabalhadores que adoecem ou sofrem acidentes ocasionados pelo trabalho e irão ficar desprotegidos.
Sobre isso, a militante da MMM de Registro Maria Shibata concluiu: “a reforma da previdência é revoltante. Mexe com nossas vidas e é a longo prazo. Se acontecer, vamos perceber aos poucos e, lá na frente, vamos estar com uma tragédia em nossas vidas. As mulheres saíram da atividade inquietas, satisfeitas por terem entendido mais, com vontade de fazer alguma coisa. Com essa conjuntura, ou a gente se organiza, ou a gente perde”.
Campinas
Em Campinas, o lançamento da Marcha das Margaridas será no dia 01 de junho, sábado, às 14 horas, no salão do Sindicato dos Metalúrgicos (Rua Dr. Quirino, 560, centro). Está sendo organizado pela Marcha Mundial de Mulheres, Coletivo de Mulheres da CUT, Grupo Mulheres da Periferia e Ocupação Marielle Vive. Todas convidadas!
Financiamento coletivo
Neste ano, além da venda de rifas, a Marcha das Margaridas está contando com a arrecadação através de um financiamento coletivo, disponível neste link. Os recursos irão permitir que mais mulheres participem!