Nos dias 9 e 10 deste mês, mais de 20 mulheres de todas as regiões do Brasil se reuniram em São Paulo para uma oficina de programação e segurança na internet para mulheres, realizada pela SOF, com apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil, e ministrada por Patricia Cornils, Maraiza Adami e Fernanda Becker, do coletivo Actantes.
A oficina tinha por objetivo debater o controle e o uso da internet de acordo com as realidades das regiões, alinhar as reflexões comuns e dar bases técnicas das alternativas seguras e livres para o ciberativismo.
Foram apresentados o sistema Linux, aplicativos seguros para navegação web, pesquisa e troca de mensagens, além de métodos para criptografia de informações. Para as mulheres, a segurança na internet é parte da agenda feminista, para garantir a articulação política virtual sem vigilância, combater a exposição dos corpos femininos nas redes e colaborar para uma comunicação feminista, que vai além da grande mídia machista e conservadora. Na SOF, o tema esteve presente durante todo o ano, com a frutífera parceria com o coletivo Actantes, em oficinas na SOF, na II Mostra de Economia Feminista e Solidária e na Virada Feminista.
A oficina reuniu companheiras do MST, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, da diretoria de Mulheres da UNE, da CUT e da Marcha Mundial das Mulheres, que desenvolve práticas e um debate aprofundado sobre feminismo e comunicação a partir de seu coletivo de comunicadoras, surgido em 2013.
As participantes consideraram que a oficina foi além de suas expectativas e abriu horizontes para aprofundar o assunto com as mulheres em suas regiões e construir mais espaços de formação sobre o tema – mostrando, assim, que se trata de um debate político que se desenvolve em conjunto às lutas e pertence a todas, e não apenas a “especialistas”. Para Débora Mendonça, de Fortaleza, a oficina foi fortalecedora. “É muito lindo e poderoso ver as garotas aqui falando sobre o assunto com propriedade, em uma área e um mundo tão masculinizados”, disse ela.
Fernanda Becker, da Actantes, encerrou a oficina com muitos sorrisos: “eu acredito muito que a resistência pela criptografia vai vir muito mais pelas mulheres do que pelos homens. Estou convencida de que todas nós somos capazes de ocupar esses espaços e usá-los para resolver os nossos problemas, como sempre fizemos, e avançar mais”, concluiu.