Autonomia e igualdade são objetivos centrais da luta feminista que propõe uma transformação estrutural na sociedade, que alcance a vida de todas as mulheres. A reflexão sobre economia e feminismo tem orientado a atuação da SOF nesta trajetória, que passa pelo questionamento radical da sociedade de mercado e da divisão sexual do trabalho como estruturante da opressão das mulheres.

O tempo e o trabalho são utilizados como se fossem recursos inesgotáveis para sustentar o atual modelo, mas isso não é considerado parte da economia. Os debates feministas sobre trabalho colocam a necessidade de ampliar a noção de trabalho como forma de se ampliar também a compreensão sobre o que é economia, para além daquilo que é monetarizado, comprado e vendido no mercado. Assim, a perspectiva feminista introduz a experiência concreta das mulheres na teoria econômica, a partir da elaboração de novos modelos de análise que iluminam o terreno da reprodução social e o articulam com a esfera da produção.

Na América Latina, a economia feminista se consolidou como uma ferramenta de análise fundamental para um campo do movimento de mulheres que organiza sua agenda de lutas em torno do feminismo anti-capitalista, construindo uma abordagem que enfoca a necessidade de mudanças globais para garantir transformações na vida das mulheres. Não há como conquistar autonomia e erradicar a violência sem avançar globalmente na questão da igualdade e, para isso, é fundamental articular políticas para a autonomia econômica que passam por políticas de socialização do trabalho doméstico e de cuidados. O fortalecimento da autonomia das mulheres e sua presença como sujeito político na projeção de novos modelos de sociedade conjugam-se com uma atuação efetiva dos movimentos feministas na construção de uma nova dinâmica de relações sociais e de um novo paradigma de sustentabilidade da vida humana.

O Seminário Internacional Feminismo, economia e política: desafios e propostas para a igualdade e autonomia das mulheres tem como objetivo contribuir para aprofundar nossas reflexões sobre os desafios e propostas para a construção de políticas e processos de transformações que sejam geradores de igualdade e autonomia para as mulheres. A programação tem como proposta colocar em diálogo as diferentes perspectivas teóricas que orientam nossas elaborações feministas e anticapitalistas, especialmente a economia feminista e o debate sobre a divisão sexual do trabalho. Além disso, os debates do seminário buscam aprofundar as análises sobre os avanços, limites e desafios das políticas para as mulheres na América Latina e Caribe, tendo como horizonte elaborações e propostas para políticas de igualdade.

Programação:

Dia 28
9h: Abertura
9h30: Economia feminista e o trabalho das mulheres: diálogos para a formulação de alternativas geradoras de igualdade
Antonella Picchio – Universidade de Modena- Itália
Helena Hirata – CNRS – França
Magdalena Leon – REMTE – Equador

14h: Crítica feminista à sociedade de mercado: por outro modelo de (re)produção e consumo
Alba Carosio – REMTE – Venezuela

Liliane Oliveira – Diretora de Mulheres da UNE
Miriam Nobre – Coordenadora Internacional da Marcha Mundial das Mulheres – Brasil

Dia 29
9h: Avanços e desafios das políticas para as mulheres na América Latina
Andréa Butto – Diretora de Políticas para as Mulheres Rurais – Ministério do Desenvolvimento Agrário – Brasil
Bila Sorj – UFRJ – Brasil
Corina Rodríguez Enríquez – CIEPP Argentina

14h: Políticas de igualdade: elementos chave para a superação dos atuais limites
Maria Lúcia da Silveira – Socióloga
Tatau Godinho – Subsecretária de Planejamento e Gestão Interna da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Wânia Pasinato – pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência/USP e do Núcleo de Estudos de Gênero-PAGU/UNICAMP

Dia 30
9h: Mesa Redonda
Olhares do movimento feminista sobre os desafios para avançar em propostas de transformações integrais

Mais informações e inscrições: http://economiaefeminismo.wordpress.com

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